sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Plante flores todos os dias!

 

Algo florescendo no meio da noite, na beira da estrada, em baixo do céu...
(Foto de 5 de Agosto, 2013; SAIN; Nikon D80; RGB; dist. focal: 24; No. F: 4)

domingo, 28 de agosto de 2011

Pensamentos que viajam de uma casa a outra

Brasília é uma cidade de três pessoas: eu, você, e alguém que um de nós conhece. Assim, todos sempre se encontram nas ruas, não importa o quão grande a cidade se pareça.

Sábado à tarde. Quermesse do Templo Budista em Brasília. Assim, encontrei-me ao não-acaso com um amigo de determinada crença religiosa, e discutíamos a beleza do interior do templo. Assim do nada, ele me colocou a seguinte pergunta: "você percebeu que o budismo, quando saiu da Índia e chegou ao Japão, teve muito do xamanismo japonês agregado a ele?"

Não lembro muito bem o que respondi, e meu conhecimento a respeito dos dois temas - budismo e xamanismo japonês - são demasiado superficiais para elaborar qualquer resposta profunda. Mas fiquei a divagar sobre a maneira como as idéias e concepções de Religião e Pensamento mudam sua arquitetura quando mudam de uma casa para outra.

Entrei no templo. Belíssima, a imagem do Buda Amida sorria em amarelo-ouro aos meus olhos cansados. E enquanto aguardava minha vez na fila, para depositar um pouco de incenso respeitoso à sua frente, aquele amarelo me atentou para um detalhe sobre a natureza das cores...

Nossa retina é capaz de distinguir quatro grupos de cores: amarelo, azul, verde e vermelho. Tudo o que nos rodeia só é visível porque possui "quantidades" dessas cores misturadas em diferentes proporções. Somos cegos a todas as outras. Assim, a imagem abaixo nos parece nítida, e nos fornece informações ricas.



Imaginemos uma viagem a um lugar onde as retinas das pessoas percebessem apenas a cor azul. Por mais que nos esforçássemos em mostrar a figura acima, e comentar da sua beleza e profundidade, essas pessoas veriam "apenas" isto:



O que não faz muito sentido, não é mesmo?

Sábio é aquele que sabe retocar a pintura do Universo, remontando as cores invisíveis em suaves nuances de azul, para que todos os que visitem sua casa vejam a beleza da imagem.

Não quero dizer que os buscadores diretos do Buda (ou Jesus, ou Lao Tsé, ou Krishna, ou Platão) percebam todas as cores, ou que os japoneses (ou espanhóis, indianos, brasileiros) sejam cegos para outras cores. Penso que a grande Pintura do Universo ainda não foi descortinada em sua exuberância completa, e que é necessário que o Sábio de cada povo, nação, pensamento, saiba pintar nas cores mais sensíveis à natureza de quem observará. E quando uma imagem muda de casa, naturalmente será percebida melhor se for adaptada à luz das janelas da casa para onde vai.



Assim, todos verão sua parte da pintura. Até o dia em que as cores não forem mais necessárias. Assim como as palavras só servem para transmitir idéias. "Quando as idéias são assimiladas, as palavras tornam-se desnecessárias." Como já escreveu Zhuang Tzu.

"Onde posso encontrar aquele que já esqueceu das palavras? É com ele que eu gostaria de conversar!"

Digo o mesmo das cores.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

I Ching




Realmente tudo ao seu tempo.
É assim que vejo o encontro com o Livro I Ching.
Apresenta-se como um filho da vida
Em preto e branco
Ou somente em branco
Ou ainda menos claro
Dependendo é claro de como se busca
o que ele tem para oferecer.
Ou quem sabe até independentemente de como se busca.

Vejo nele, I Ching, um filho da vida.
Que se permite a uma comunicação transmutável.
Sem, no entanto perder-se nos labirintos do tempo
Permanecendo sempre presente
E vivo como um filho da vida deve ser.
A sua simplicidade
permite se relacionar com absolutamente tudo a sua volta.
Sua disposição em ser o que é
o torna transcendente de si mesmo.
E quem o encontra no caminho desta vida
Encontra um amigo.

domingo, 1 de agosto de 2010

o passeio dos indesejáveis

Carrer Carders, Sant Pere, Barcelona.


Per al passeig dels indesitjables, 
homes desocupats es van a suavitzar el paviment ,


científics sense formació,


putes donant el veritable amor.

Els emprentes, bells senders al paviment,
s'encenen i s'apaguen durant mil lennis,


Boig com els núvols:


elefant sense un tronc, 

el cap d'un drac llançant petons calents,


una bomba de gas, arbres amb pentinats poc probables.

sábado, 12 de junho de 2010

Estudo de Caso

O paciente dormia sobre o leito. Horário de visita. À luz cor de açafrão que chegava do poente através da janela entreaberta da enfermaria, seus dois visitantes conversavam.

O médico fala ao Mestre Taoísta:


- A doença que temos em frente tem tantas causas, tantos fatores relacionados... Tem toda uma história - e por que não dizer - uma pré-disposição familiar a ser investigada através de métodos profundos e acurados. Pode se manifestar de diferentes formas no mesmo indivíduo, e em indivíduos diferentes. Faz parte de uma rede de eventos que incluem desde a intrincada inter-relação social, até os mecanismos microscópicos do metabolismo intra-celular. É como se um simples órgão ou tecido afetasse toda uma conjuntura inter-planetária, cósmica. E como se não bastasse esse enigma ser complexo de forma estática, ainda está incluído na dinâmica passagem do tempo. A cada instante, uma configuração diferente. Como um quebra-cabeças cuja posição das peças e o formato dos encaixes mudasse a cada minuto.

Nesse ponto da conversa, o médico toma um gole d'água. Levanta a sobrancelha direita, satisfeito com as colocações que acabara de fazer. O Mestre mantém-se atento, num sorriso cortez e paciente.

Elevando um pouco mais o tom de voz, o médico prossegue:


- O senhor me perdoe a franqueza, mas para mim, parece mágica tola e iverossímil, que a cura para isso possa ocorrer através de simples misturas de ervas, chazinhos e substâncias. - Neste ponto, o médico faz a mímica de esmagar folhas e misturá-las num copo - Pior ainda, é acreditar que a inserção de agulhas possa fazer alguma coisa! - Finge inserir uma agulha de acupuntura no próprio braço. - Ah, ou ainda curar-se os males com passes místicos das mãos! - E imita movimentos de Tai Chi Chuan.

Dá uma risada. Toma mais um gole de água.

O Mestre, após certificar-se de que seu companheiro parara de falar, pensa por um instante. E sem alterar o brilho jovial nos belos olhos estreitos, retruca:


- Concordo com cada palavra, vírgula e ponto! Penso da mesma forma! Inclusive no que diz respeito às ervas, extratos e substâncias - o Mestre finge engolir um comprimido, e depois, uma colher de xarope. Tenho a mesma opinião sobre o que o senhor disse das agulhas, - imita a preparação de uma injeção, e finge injetá-la no próprio braço - e sobre o movimento mágico das mãos! - Simula a colocação de luvas cirúrgicas, e um corte de bisturi.

E, sob o olhar sério do médico, assevera:


- E não é um verdadeiro milagre que, após serem submetidos a tantas "mágicas", os nossos pacientes continuem vivos e sejam curados? A Vida é realmente maravilhosa!

Junta as palmas das mãos, e curva-se em saudação respeitosa. Passa levemente a mão sobre a destra do paciente ainda adormecido, e sai da enfermaria, deixando o médico sozinho com seus pensamentos.

Início de T(u)(o)do

Este é um blog filho do projeto NEAMDERDao (Núcleo de Estudos da Arte e das Manifestações Daoístas Espontâneas em Religação com o Dao).

Filho de artistas, apreciadores do Daoísmo, da Medicina Chinesa e das Ciências Naturais, que por não-acaso se encontraram sob o teto da ENAc - Escola Nacional de Acupuntura, em Brasília. Mas que também poderiam ter-se encontrado sob uma cerejeira numa montanha da China, sobre uma ponte na Venezuela, um ashram na Índia, um café em Paris, ou um bar em Angola.

Filho com propostas de ser permanentemente gerado, parido e renovado.

Esta é uma celebração, nas primeiras horas de 12 de Junho de 2010.

Daqui a poucas horas, o sol nascerá.

Benvindos, todos, Tudo!

sexta-feira, 11 de junho de 2010


Primeira página do Dao De Ching, de Lao Tse